Você sabe o que é a flora vaginal e como ela é composta? Mais do que isso, você sabe como cuidar dela e mantê-la em equilíbrio?
Mesmo sendo a grande responsável pela saúde da vagina, a flora vaginal não costuma receber a atenção que deveria e como todo assunto mais íntimo, ela acaba sendo mais um tabu para nós.
Essa desnaturalização tende a gerar uma falta de contato com a própria vagina e pouco entendimento e assim, as mulheres acabam não sabendo diferenciar corrimentos e sensações normais de situações que requerem atenção.
E essa falta de informação e conhecimento podem acarretar em problemas graves de saúde, além de serem grandes impeditivos para uma vida sexual saudável.
O que é a flora vaginal
A flora vaginal é a barreira protetora da sua região íntima, como um exército estrategicamente posicionado atrás das trincheiras.
Composta por micro-organismos benéficos, a flora vaginal é a responsável por proteger a vagina, vulva, bexiga, útero e trompas.
Esses lactobacilos, bactérias e fungos vivem em um ambiente harmonioso e cuidam para que nenhum tipo de micro-organismo maléfico se instale na região, trazendo problemas.
O corpo humano é impressionante e a vagina é auto regulável. Isso significa que, em grande parte, ela é capaz de cuidar de si mesma sozinha, mantendo a ordem e o equilíbrio que precisa.
E todo esse cuidado está relacionado com a flora vaginal e seu pH.
Quando a flora vaginal está em desequilíbrio, essa proteção fica fragilizada e a vagina e vulva podem acabar expostas a doenças diversas que causam desde leves coceiras e ardências até infertilidade.
pH vaginal
Assim como diferentes partes do nosso corpo, a vagina também possui um pH específico para seu funcionamento saudável.
O potencial hidrogênico mede a acidez de um local ou solução e esses níveis variam de acordo com temperatura e concentração de substâncias. O pH é classificado em graus de 0 a 14, sendo o 7 considerado neutro.
Em variação de 0 a 7, as substâncias são classificadas como ácidas e entre 7 e 14, são alcalinas, ou básicas.
O pH vaginal é ácido, ficando entre 3,8 e 4,5. Apesar de parecer estranho, é completamente saudável e isso acontece porque os micro-organismos da flora vaginal produzem ácido láctico como forma de defesa natural.
Com o pH regulado, a vagina estimula o desenvolvimento de bactérias boas e inibe a produção de bactérias ruins.
Alterações no pH vaginal: por que acontecem?
A flora vaginal é bastante forte, enfrentando várias bactérias e cuidando da sua saúde vaginal. No entanto, ainda assim, é uma região sensível e pode sofrer com desequilíbrios que acabam alterando o pH vaginal e abrindo espaço para infecções e doenças.
Alguns desses desequilíbrios acontecem naturalmente durante o ciclo menstrual e voltam ao normal depois, mas outros são causados por diversos fatores. Por exemplo:
- Uso de antibióticos;
- Higiene inadequada;
- Disfunções hormonais;
- Níveis altos de açúcar no sangue;
- Alterações no colo do útero;
- Redução no nível de estrogênio;
- Excesso de peso;
- Relações sexuais pênis/vagina;
- Exposição a umidade e suor.
Como saber se o pH vaginal está alterado?
O pH vaginal é como se fosse um termômetro da sua saúde. Se algo não está certo na sua flora vaginal, você vai ficar sabendo.
O corpo emite sinais bem próprios de que tem alguma coisa errada e por isso, quando nos conhecemos e sabemos bem como ele funciona, fica mais fácil identificar esses alertas.
Quando a flora vaginal está com problemas e o pH da vagina está fora da faixa normal, é costume que alguns sintomas apareçam.
Alterações no cheiro, secreções ou corrimentos atípicos e mais intensos, infecções recorrentes, coceira ou ardência e até mesmo dor durante a relação sexual podem ser indicativos de desregulação no pH.
Se você estiver passando por algum desses desconfortos, o recomendado é ir ao médico ginecologista para que isso possa ser investigado.
Pode ser que seja apenas uma alteração hormonal normal ou pode ser sinal de algo mais grave, então é importante ouvir uma opinião profissional.
Perigos no desequilíbrio da flora vaginal
Se o pH vaginal está desregulado, isso é sinal de que há alguma coisa de errado com a flora vaginal e isso traz alguns perigos para a saúde.
Candidíase
A candidíase é uma infecção causada por um fungo chamado Candida e pode afetar órgãos genitais femininos, masculinos e aparecer até mesmo na boca, pele e na corrente sanguínea.
É uma infecção bastante comum e o desequilíbrio na flora vaginal é um dos grandes fatores responsáveis por seu contágio, que geralmente acontece perto da menstruação.
Áreas quentes e úmidas são as mais propícias para o fungo se reproduzir, por isso, o uso de protetores diários plásticos não são recomendados, por dificultarem a circulação de ar no local.
Os principais sintomas são coceira, dor e vermelhidão na vulva e vagina. Há também a produção de um corrimento branco e espesso e pode causar desconforto durante as relações sexuais.
Vaginose
A vaginose bacteriana é uma infecção genital que acontece devido ao proliferamento de uma cultura de bactérias, como a Gardnerella Vaginallis, Peptostreptococcus e Mycoplasma hominis.
Essas bactérias existem no corpo humano naturalmente, mas também podem ser transmitidas através de relações sexuais. O desequilíbrio da flora vaginal baixa as defesas da região íntima e abre espaço para essas bactérias se desenvolverem.
A vaginose não causa uma reação inflamatória, como a da candidíase, por isso, é um pouco mais difícil de ser identificada. Seus sintomas são um corrimento atípico acinzentado e um mau cheiro forte, principalmente no período da menstruação.
Se não for tratada, pode trazer problemas mais sérios, como uma inflamação nas trompas.
Vagina saudável
Infelizmente, por termos uma visão púdica sobre vaginas – e ser um assunto íntimo -, muitas vezes não sabemos diferenciar reações fisiológicas normais das atípicas.
E também pode não haver espaço para conversar sobre isso com familiares, amigas ou até mesmo com algum profissional da saúde.
Prestar atenção em seu corpo e entender como ele funciona é imprescindível, tirando da cabeça ideias de que vaginas perfeitas são aquelas sequinhas e sem cheiro.
É verdade! Vaginas saudáveis têm secreções e um odor natural e isso é apenas uma reação da renovação de células cervicais e vaginais. Aqueles corrimentos clarinhos ou esbranquiçados são normais e a intensidade varia dependendo da fase do ciclo menstrual.
Como já dissemos, existem corrimentos que são sintomas para algumas infecções e é preciso ficar de olho nisso e diferenciar as situações.
Cuidados com a flora vaginal
Sendo uma parte tão importante do corpo, a flora vaginal merece alguns cuidados especiais para que continue em equilíbrio e cuidando da saúde da vagina.
Higiene íntima
Ainda que, em grande parte, auto regulável e limpante, é preciso ter alguns cuidados com a vulva e a higiene íntima correta é essencial para uma vagina saudável.
Antes de tudo, deve-se saber que a limpeza deve ser apenas na parte externa da vulva. Os microorganismos da flora vaginal também são responsáveis pela higiene lá dentro da vagina, então, na hora do banho, você só precisa lavar por fora.
Duchas íntimas são extremamente agressivas e podem alterar o pH vaginal. Elas só devem ser feitas com recomendação médica.
O ideal é lavar a vulva todos os dias, delicadamente, com cuidado e em movimentos circulares. Sabonetes hidratantes ou bactericidas não são recomendados, sendo indicado o uso de sabonetes íntimos especiais ou apenas água.
Alimentação saudável
A alimentação tem um papel extremamente importante em manter o equilíbrio da flora vaginal.
Uma dieta balanceada e saudável tem os nutrientes necessários para manter bem o corpo e os órgãos reprodutivos.
Além disso, existem alimentos que são especialmente benéficos para a saúde vaginal, como kefir, que é rico em probióticos e lactobacilos – aqueles que formam a flora vaginal.
E claro, uma boa alimentação mantém a imunidade alta, ajudando na prevenção de infecções e diminuindo o uso de antibióticos, que podem alterar o pH vaginal.
Menstruação
Os cuidados com a vagina e flora vaginal devem ser ainda maiores durante a menstruação. O sangue é alcalino, por isso, pode causar alterações no pH vaginal, trazendo desconfortos e infecções.
Durante esse período, é importante tomar cuidado extra com a higiene e, se usar absorventes descartáveis, trocá-los com frequência. O plástico do absorvente pode abafar a área, aumentando a umidade e aumentando o risco da proliferação de bactérias e fungos.
Prefira o uso de coletores menstruais, que são feitos de silicone hipoalergênico, que são antibacterianos, mas lembre de lavar bem as mãos antes e depois de utilizá-lo.
Sexo seguro
Você sabia que o sêmem é alcalino e isso pode desequilibrar a flora vaginal? Esse é mais um dos muitos motivos para que a camisinha seja essencial em uma relação sexual penis/vagina.
Além disso, as bactérias e fungos que causam infecções sexualmente transmissíveis são prejudiciais, portanto, os preservativos têm que estar presentes durante o sexo, mesmo em relações vagina/vagina.
Se cuide!
Se cuidar é um ato de amor próprio, assim como se conhecer. Ao menor sinal de que algo não está bem com sua flora vaginal ou pH, procure um médico e identifique o problema.
A saúde da região íntima também é fundamental para o corpo e deve ser tratada com a importância que merece!
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